Reforma Tributária: o que profissionais de CSCs precisam saber e como se preparar

A Reforma Tributária é, sem dúvida, uma das transformações mais significativas no cenário fiscal e operacional das empresas brasileiras nas últimas décadas. A aprovação da Emenda Constitucional 132/2023, que institui um novo modelo de tributação sobre o consumo, marca o início de um período de transição profundo e os Centros de Serviços Compartilhados (CSCs) estão diretamente no centro dessa mudança.

Neste artigo, vamos explicar o que muda, quais os impactos mais relevantes para os CSCs e como as equipes podem se preparar para garantir conformidade, eficiência e continuidade operacional nesse novo cenário.

O que muda com a Reforma Tributária?

A Reforma Tributária estabelece um novo modelo de tributação sobre o consumo, substituindo cinco tributos atuais (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por dois novos:

 

  • IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): de competência dos estados e municípios.
  • CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): de competência federal.

 

Além disso, previsto para 2027, o Imposto Seletivo (IS) será um tributo extra sobre o consumo, de competência federal e foi criado para desestimular a compra de produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como: bebidas alcoólicas e com adição de açúcar, tabaco, bens minerais extraídos, veículos poluentes, etc.

Esse novo sistema tributário adota o modelo de IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que já é comum em muitos países, com foco na não cumulatividade plena, incidência no destino e simplificação de regras.

 

Principais mudanças:

  • Tributação no destino, o imposto vai para onde o produto é consumido;
  • Fim da cumulatividade e dos incentivos fiscais;
  • Crédito financeiro ampliado (inclusive sobre bens de uso e consumo);
  • Foco na rastreabilidade e transparência das operações;
  • Incidência uniforme sobre bens e serviços;
  • Novo modelo de obrigações acessórias (futura nota fiscal eletrônica padrão nacional).

 Por que os CSCs estão no centro dessa transformação?

Os Centros de Serviços Compartilhados são responsáveis por processos críticos como:

  • Contas a pagar e a receber
  • Gestão de notas fiscais
  • Apuração de tributos
  • Conciliação contábil e fiscal
  • Relatórios gerenciais e compliance

Essas atividades estão diretamente conectadas ao novo modelo tributário. A forma como as notas fiscais serão emitidas, como os créditos tributários serão apurados e como a rastreabilidade será garantida impacta diretamente o dia a dia do CSC.

Principais impactos para CSCs

  1. Revisão de sistemas e ERPs
    Será necessário adequar os sistemas à nova estrutura de tributos (CBS/IBS), revendo parametrizações, planos de contas e regras fiscais. Essa transição exigirá envolvimento próximo com áreas de tecnologia e fornecedores.
  2. Mapeamento e padronização de processos
     Será essencial revisar e padronizar processos internos para garantir que a captura de dados fiscais, emissão de documentos e controles estejam alinhados com a nova legislação.
  3. Gestão de créditos tributários
     O novo modelo de IVA exige rastreabilidade e consistência na geração e apropriação de créditos. Os CSCs precisarão aprimorar controles e garantir integração com fornecedores e outras áreas.
  4. Treinamento e capacitação de equipes
     A complexidade da transição exige que os times fiscais, contábeis e operacionais estejam atualizados e capacitados. A compreensão dos novos conceitos será fundamental para evitar erros e autuações.
  5. Monitoramento da fase de transição
     A Reforma prevê um período de transição entre 2026 e 2032, com coexistência dos regimes antigos e novos. Será necessário gerenciar essa duplicidade com clareza e controle.

Como se preparar na prática?

 

Com a cobrança teste do IVA (CBS e IBS) em 2026, já é hora de atualizar sistemas fiscais e treinar equipes para evitar surpresas. Quem se antecipar nessa fase de transição — que vai até 2033 — garantirá vantagem competitiva. O papel dos Centros de Serviços Compartilhados é fundamental: são eles que orquestram dados, processos e compliance ao longo dessas etapas de mudança.

Etapa Período Marcos principais
Aprovação e regulamentação 2023–2024 EC 132/2023, leis complementares, definição de regras
Preparação 2025 Edição das leis complementares, novos leiautes dos DF-es em teste, adaptação de sistemas e times
Teste inicial 2026 Cobrança das novas alíquotas em caráter de teste, com CBS 0,9% e IBS 0,1%
Transição 2027–2032 CBS plena, IBS em implantação gradual, redução progressiva (PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS), instituição do IS
Conclusão 2033 Implantação total, novo sistema fiscal em operação: CBS e IBS em plena vigência e ICMS e ISS extintos

A teoria já é clara: a Reforma Tributária está em curso e vai transformar profundamente a estrutura fiscal brasileira até 2033. Mas saber disso não é o suficiente — é hora de agir.

A preparação prática deve começar agora, com ajustes em processos, sistemas e capacitação das equipes.

Neste cenário, os Centros de Serviços Compartilhados têm papel essencial na viabilização dessa transição. Eles precisam estar na linha de frente da adaptação, liderando mudanças que vão muito além do departamento fiscal.

A seguir, veja as principais ações que sua empresa pode (e deve) começar a implementar desde já para sair na frente.

 

1. Crie um comitê de governança para a reforma

Monte uma força-tarefa multidisciplinar com representantes do CSC, fiscal, contábil, TI e jurídico para acompanhar os desdobramentos da reforma e coordenar as ações internas.

2. Faça um diagnóstico dos processos impactados

Mapeie os processos do CSC que serão diretamente afetados, identificando riscos, lacunas e oportunidades de melhoria.

3. Comece pelos dados

A qualidade dos dados fiscais e contábeis será ainda mais importante. Avalie como estão sendo coletados, armazenados e utilizados, tanto internamente quanto por parceiros e fornecedores.

4. Invista em capacitação contínua

Promova treinamentos internos e participe de eventos técnicos. A legislação ainda passará por regulamentações, e estar atualizado é essencial.

5. Acompanhe a regulamentação

A reforma ainda será detalhada por meio de leis complementares, que definirão pontos críticos como alíquotas, regras de crédito, obrigações acessórias e regimes especiais. Mantenha sua equipe jurídica ou fiscal em alerta.

Apesar da complexidade, a Reforma Tributária é também uma oportunidade. Ela força as empresas a revisarem seus processos, integrarem sistemas e modernizarem suas práticas. Para os CSCs, isso representa uma chance de:

  • Automatizar atividades repetitivas
  • Ganhar escala com processos mais eficientes
  • Reduzir riscos e retrabalho com maior padronização
  • Assumir um papel ainda mais estratégico nas empresas

A Reforma Tributária de 2026 é inevitável e transformadora. Os Centros de Serviços Compartilhados, pela sua posição central nas operações das empresas, têm um papel fundamental na adaptação a essa nova realidade.

O momento de agir é agora: quem se preparar com antecedência terá vantagem competitiva, menos riscos e uma operação mais madura.

Acompanhe os desdobramentos com atenção, promova o engajamento interno e transforme essa transição em um caminho de evolução.

 

Artigo produzido pela V360, plataforma líder em automação fiscal para grandes empresas.

Com tecnologia proprietária e foco em eficiência operacional, a V360 é referência no suporte a Centros de Serviços Compartilhados (CSCs) e áreas fiscais de médias e grandes corporações.

Clairton Braun

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